Vida Religiosa Consagrada se reúne em Seminário sobre Comunicação

Um seminário de comunicação reuniu religiosos de todo o Brasil, de 1º a 4 de novembro, em São Paulo (SP), para discutir o tema “Novas tecnologias, novas relações na vida religiosa: desafios e perspectivas”. O evento teve a promoção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, destacou a importância de a Vida Religiosa Consagrada promover um seminário para discutir a comunicação.

“Não tenho dúvidas de que seremos cobrados pelas futuras gerações pelo bom ou pelo mau uso que fizemos ou deixamos de fazer dos meios de comunicação. Quando a própria Vida Religiosa Consagrada, num verdadeiro mutirão nacional, se debruça sobre o tema e porque reconhece que os meios de comunicação não são apenas instrumentos, e sim uma ambiência”, revela dom Dimas, que instiga ainda ser necessário refletir as novas tecnologias, pois afetam efetivamente as relações nas próprias comunidades. “A proposta desse seminário é sinal de que nós levamos a sério a proposta de Jesus e o mandato de evangelizar a todos, o que inclui a geração do continente digital”, ressalta o bispo.

A CNBB e a CRB realizaram este seminário a partir das necessidades e questões relacionada ao tema Comunicação. O papa João Paulo II diz em um de seus discursos que é preciso integrar a mensagem na nova cultura para que a Boa Nova de Jesus Cristo chegue a todos.

A representante da CRB para as Comunicações, irmã Rosa Maria Martins, ressalta ainda que um dos perfis do jovem de hoje é alta-conectividade. Segundo a assessora, as congregações têm dificuldades e se percebem desafiadas em lidar com essa realidade juvenil. “A questão da comunicação é intrínseca. Temos dificuldade em dialogar com eles, muitas vezes não temos uma linguagem acessível e não conseguimos também entender a linguagem deles”, disse irmã Rosa.

O objetivo do seminário foi instigar, buscar, apontar pistas e provocar os religiosos à discussão da importância da comunicação para a ação missionária.

Propostas

Para os participantes, o seminário foi uma proposta positiva, pois é primeira vez que as Conferências propuseram uma discussão voltada especificamente à questão da comunicação. Irmã Jocerlane Silveira dos Santos, Missionária Agostianiana Recoleta, revela que este evento foi, para ela, uma novidade em perceber que a Vida Religiosa Consagrada se preocupa com o tema comunicação. “Estamos nesse meio e no dia a dia utilizamos nos trabalhos acadêmicos, profissional, comunitário, missionário. Esse seminário ajudou a refletir como está a nossa atuação, e como estamos utilizando desses meios que estão à nossa disposição. Muitas vezes descartamos o uso, ou usamos de forma errada. Pensamos que estamos evangelizando e podemos estar manipulando as pessoas. Corremos esse risco. É isso aí, precisamos pensar e discutir a comunicação com as novas gerações. A CRB está de parabéns, pois trouxe pessoas capacitadas para nos ajudarem nessa reflexão”.

Uso das mídias

Irmã Libânia Augusto Nunes, Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento, conta que a discussão nesse seminário foi válida no sentido de esclarecer o que significa o uso das mídias em nosso cotidiano. “Às vezes a olhamos como um monstro, com medo, pois não a conhecemos. Esse evento me ajudou a despertar para a reflexão de como a comunicação pode ajudar na evangelização, mas que há riscos. Eu não estava atenta à forma como faço uso das mídias e o que isso pode provocar. Penso que esse tipo de encontro deve acontecer com mais frequência para crescermos nessas reflexões”.

Despertar

Para a teóloga Vera Bombonato, da Congregação das Irmãs Paulinas, o seminário foi o primeiro e um despertar para uma problemática diante de uma situação abrangente e desafiadora para a Vida Religiosa Consagrada que é a comunicação. “Claro, não encontramos respostas a partir deste seminário, mas superou as expectativas, no sentido de provocar para a comunicação. Não saímos daqui com respostas prontas, mas temos o dever evangélico de buscar respostas atualizadas. Não podemos nos contentar em repetir chavões, receitas, respostas para perguntas que já não mais existem. Temos de mudar a nós mesmos tentando ouvir os apelos dessa sociedade em transformação, dessas novas tecnologias, da cultura digital, e nos debruçar na busca de caminhos, não de respostas prontas. Penso que a assembleia aqui presente entendeu isso; a busca de caminhos novos para uma nova evangelização que brota de uma nova postura, não apenas de requentar respostas”, desafia a teóloga.

Por CNBB

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