As Visitas Pastorais têm sido um instrumento de aproximação entre os bispo e as comunidades dentro das dioceses. Apesar de ser uma prática regulamentada pelo Direito, é sobretudo uma oportunidade missionária, uma presença do Pastor junto ao seu rebanho, junto a sua comunidade, um verdadeiro ministério de animar e fortalecer a fé das comunidades. No que toca a Dom Antonio de Almeida Lustosa, suas biografias e escutando pessoas que lhe foram próximas, falam de um bispo apaixonado pelas Visitas Pastorais, em qualquer das dioceses em que esteve (Uberaba, Corumbá, Belém e Fortaleza), esforçando sobremaneira para que elas se realizassem. Assim, Dom Antônio, nesse mês das missões, fala com sua vida sobre uma Igreja em saída, uma igreja motivada e sonhada pelo Papa Francisco.
Dom Antônio de A. Lustosa nasceu em 1886, a 11 de fevereiro; seu episcopado se iniciou em 1925 e concluiu-se, como titular de uma diocese, no ano de 1963, quando então deixava a cátedra da Arquidiocese de Fortaleza. Essas datas indicam que seu episcopado não recebeu diretamente as orientações do Concílio Vaticano II, contudo, os testemunhos deixam claro que ele já trazia esse espírito de proximidade pastoral. As suas Visitas estavam fundamentadas no Código de Direito Canônico de 1917, que em continuidade com o Concílio de Trento determinava a Visita Pastoral, no entanto, em 1917 se estabeleceu que o bispo percorresse a sua diocese no espaço de cinco anos, não em um ano como tinha exigido Trento. No Código de 1983 permanece o mesmo período estipulado pelo Código de 1917 (CIC cân. 396-398). Mas uma visita que seria moldada por uma pesada estrutura burocrática, se tornava um desafio fazê-la de fato pastoral, e este teria sido o grande esforço e êxito de Dom Antônio de A. Lustosa.
Com suas Visitas Dom Antônio demoradamente observava a realidade de suas dioceses, não com o olhar de um frio observador, mas um olhar amoroso, de onde surgiu dois escritos que vieram a publicação: À margem da Visita Pastoral¸ sobre a realidade da Amazônia, quando trabalhou em Belém e Notas a lápis, uma memória de Visitas no Ceará. As obras demonstram como foi um homem em movimento, pelo que lhe coube o reconhecimento de Bispo Itinerante. De fato, chegando a Fortaleza em novembro de 1941, já em 1945 teria visitado quase toda a Diocese, que na época se estendia longamente pelo sertão (LEAL, 1992, p. 181).
Iniciadas as Visitas em 1942 pela Sé, foi também a outras paróquias. Em Redenção, no mês de setembro de 1942 ficou aí por 20 dias voltando à sua residência somente “depois de visitar diversas capelas, demorando-se cerca de dois dias em cada lugar […], tudo lhe interessava, desde as conversas singelas com os humildes sertanejos até os esclarecimentos agudos da experiência dos letrados” (LEAL, 1992, p. 180). O diferencial de suas visitas foi, para a época, não se encerrar na burocracia que o ambiente eclesiástico lhe impunha. Dom Antônio convivia, pregava, celebrava, visitava, escutava, com uma diligência que animava as comunidades.
Essa postura de Dom Antônio, antes do Concílio, era algo inovador, pois o espírito de abertura missionária para o episcopado viria apenas nesse Concílio (1962-1965). Diz o Decreto “Christus Dominus”, n. 17: “faça-se, sob a direção do Bispo, a coordenação e a íntima conjugação de todas as obras de apostolado. Assim, todas as iniciativas e instituições: catequéticas, missionárias, caritativas, familiares, escolares e quais quer outras de finalidade pastoral, se canalizem a uma ação de conjunto”. Ao que se testemunha, mesmo antes do Concílio, Dom Antônio vivia esse espírito, essa diligência pastoral, trazendo uma das características muito comuns aos santos: ser à frente de seu tempo.
O que as Visitas Pastorais demonstram é um pastor inquieto pela itinerância, o que hoje se chama de ardor missionário, Igreja em saída. Durante suas visitas, normalmente se fazia realizar uma animação missionária, com pregações, administração de sacramentos e visitações. Um ambiente missionário se instalava, pois “em nenhum lugar deixava D. Antônio de aproveitar a oportunidade do encontro com o pastor para uma pregação, tanto por sua própria palavra, como pela dos missionários e padres que o acompanhavam” (LEAL, 1992, p. 182).
Portanto, neste mês das missões, Dom Antônio de A. Lustosa nos transmite ardor missionário, como uma dedicação infindável pelo crescimento do povo de Deus. São João Paulo II, quando visitou o Brasil em 1980, disse de Dom Antônio: Santo e Sábio. A tal profecia do Santo se pode ousadamente dizer: Santo, Sábio e Missionário.
Pe. Abimael F. do Nascimento, msc
Assessor Teológico do Processo de Beatificação e Canonização.
Oração pela beatificação e canonização de Dom Antônio de Almeida Lustosa
Dignai-vos, Senhor,
aceitar a caminhada de nosso
irmão Dom Antônio de Almeida Lustosa rumo ao altar.
Ele, que em vida soube ser vosso servo fiel,
imolando-se no pastoreio das almas,
ensina-nos hoje admiráveis exemplos de virtudes cristãs
praticadas com tanto zelo sacerdotal.
Concedei, Senhor nosso Pai, a graça que por sua intercessão vos pedimos. Amém.
Pai Nossa, Ave Maria e Glória ao Pai.